“Não vivemos mais em um mundo de quantidade, mas de qualidade: cada vez menos gente, com mais habilidades, é o que vai definir o futuro das empresas”. A reflexão de Juliano Colombo durante o Bom Dia Associado CIC fortaleceu a discussão sobre um dos maiores desafios atuais das organizações: a atração, desenvolvimento e retenção de profissionais.
Com mais de 25 anos de experiência em gestão, marketing e finanças, além de ter liderado importantes programas de inovação e transformação social durante uma década como superintendente do Sesi-RS, Colombo palestrou para mais de 120 pessoas na manhã de quarta-feira, 10 de setembro.
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Antes da apresentação, o presidente da CIC, Carlos Bianchi, salientou que, em uma pesquisa realizada com associadas, ficou evidenciado que 87,7% das empresas possuem vagas de trabalho em aberto. “É diante desse cenário que promovemos, hoje, esta reflexão com a oportunidade de refletir sobre questões como a escassez de talentos, os desafios geracionais, o papel da educação, a cultura organizacional e, principalmente, sobre práticas eficazes de atração, desenvolvimento e retenção de profissionais”.
A partir de dados nacionais e internacionais, Colombo destacou que a falta de profissionais qualificados não é uma realidade restrita ao setor produtivo da Serra Gaúcha, mas um fenômeno global. Citou que 81% das empresas brasileiras relatam dificuldades para contratar, e que a questão não está apenas na quantidade de candidatos, mas sobretudo na falta de habilidades compatíveis com as exigências atuais do mercado .
Ele ressaltou que o país vive um período de transição demográfica acelerada, com envelhecimento populacional e diminuição do contingente jovem. Esse cenário, segundo o palestrante, altera de forma estrutural a dinâmica do trabalho e exige novas políticas públicas e práticas empresariais.
Além disso, alertou que o analfabetismo funcional ainda atinge grande parte da população em idade ativa, comprometendo a produtividade e a adaptação tecnológica. Para ele, o modelo educacional brasileiro, baseado em diplomas, precisa ser repensado, dando lugar ao desenvolvimento real de competências e habilidades. “Educação e diploma não são a mesma coisa. Empilhar certificados não garante competência. O que precisamos é de habilidade real para transformar as organizações”, disse.
Outro ponto enfatizado foi o engajamento das equipes: pesquisas internacionais mostram que 79% dos trabalhadores não se sentem conectados às suas empresas ou de fato comprometidos com as organizações. Nesse aspecto, ele destacou o papel da liderança humanizada, capaz de compreender os dilemas das pessoas, oferecer propósito e estimular ambientes psicologicamente seguros.
Colombo defendeu que empresas, independentemente do porte, precisam estruturar programas internos de qualificação e requalificação profissional, inclusive para funcionários mais jovens e também para trabalhadores mais velhos que desejam permanecer no mercado.
“Não adianta insistirmos nos mesmos modelos em um mundo que mudou. Se trabalho não é vida, não faz sentido. Não podemos mais pedir às pessoas que deixem sua vida do lado de fora da empresa. Precisamos entender as pessoas e construir novas formas de liderança, produtividade e engajamento”.