NOTÍCIAS

Bom Dia Associado CIC: “PIB do Brasil é parecido com voo de galinha”

A edição de abril do tradicional Bom Dia Associado CIC, promovido na manhã de terça-feira, 29 de abril, trouxe um panorama detalhado dos desafios e perspectivas para a economia brasileira em 2025. A convidada foi a economista Maria Carolina Rosa Gullo, doutora pela UFRGS e professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS), que apresentou um cenário didático para os empresários presentes no auditório da entidade.

Na ocasião, Maria Carolina disse que as inconstâncias e incertezas da economia e os altos e baixos do Produto Interno Bruto provocam retração do setor privado, que não se sente seguro para apostar em investimentos. “O PIB do Brasil é parecido com voo de galinha. Até sai do chão, mas não tem forças para se sustentar, desenhando ciclos irregulares e de curta duração, onde o país parece ‘voar’ temporariamente, mas logo volta a cair”. 

O encontro, que reuniu representantes de empresas da indústria, comércio e serviços, teve como foco auxiliar os empreendedores na tomada de decisões estratégicas diante de um cenário macroeconômico que inspira cautela, mas também aponta oportunidades para os mais preparados.

VEJA AQUI OS DADOS DA ECONOMIA APRESENTADOS NO BOM DIA ASSOCIADO

A economista destacou que a economia brasileira apresenta uma média de crescimento do PIB bastante modesta nos últimos 12 anos — em torno de 1,04% ao ano. Para 2025, a expectativa de crescimento está em 2%, com uma tendência de desaceleração em 2026. Entre os fatores que limitam o avanço, estão a alta carga tributária, os desequilíbrios fiscais, a dívida pública crescente e o desafio de controlar os gastos do governo.

Além disso, a combinação de inflação em patamares elevados (estimada em 5,8% para 2025) e uma taxa de juros alta (com projeção de atingir 15% no meio do ano) gera uma equação delicada para a política monetária nacional.

Outro ponto de alerta, afirmou a economista, deve estar nos resultados da reforma tributária: “Temos uma equipe de profissionais do Direito e Economia na Universidade que estão enxergando esta reforma de uma maneira diferente do que a que o Governo está falando. Nessa visão, vai haver aumento de impostos sim”.

No mercado de trabalho, a taxa de desemprego deve girar em torno de 7,4%, e a massa de renda das famílias — apesar de ter apresentado recuperação nos últimos dois anos — ainda sofre os impactos da desaceleração do consumo e da elevada informalidade.

Oportunidades e estratégias para o setor empresarial

Apesar dos desafios, Gullo enfatizou que há espaço para crescimento em nichos estratégicos, principalmente para empresas que souberem se adaptar às novas formas de consumo, explorarem a digitalização e investirem em diferenciação e experiência do cliente.

“O momento exige inteligência estratégica, gestão eficiente de recursos e visão de longo prazo. As empresas que investirem em produtividade e inovação terão vantagem competitiva nos próximos anos”, reforçou.

Ambiente externo também gera incertezas

Maria Carolina Gullo alertou para os impactos da economia internacional sobre o Brasil, especialmente diante da escalada protecionista dos Estados Unidos, com novas tarifas sobre importações, principalmente da China. A medida pode impactar negativamente o crescimento global, afetando o comércio exterior brasileiro, especialmente em commodities.

Por outro lado, a desvalorização do dólar pode favorecer o real, trazendo algum alívio para o controle inflacionário, além de reduzir o custo de endividamento de longo prazo.

A especialista também destacou o impacto do envelhecimento da população sobre a produtividade e sobre a sustentabilidade do sistema de seguridade social, apontando a necessidade de reformas estruturais e políticas públicas de estímulo à inovação e ao empreendedorismo.

Compartilhe

Últimas notícias

A CIC GARIBALDI utiliza cookies. Para maiores informações, acesse nossa Política de Cookies.

Como podemos ajudar ?